O imperialismo ameaça a Humanidade
A tentativa de impor uma hegemonia planetária dos EUA exige a submissão do resto do planeta. Se nalguns países (como na União Europeia) as classes dirigentes aceitaram a sua condição de vassalos, em muitos outros a ofensiva encontrou resistência
O nosso planeta vive uma crise de enormes proporções. Não é exagero afirmar que o futuro da Humanidade depende do seu desfecho. Inebriadas com a derrota da primeira tentativa histórica de construção do socialismo e sentindo-se libertas do contrapeso da URSS, as potências imperialistas, com os EUA à cabeça, lançaram-se numa ofensiva global para impor o seu domínio predador. Mas as suas políticas económicas, as suas guerras e mentiras, e a resistência que enfrentaram, acabaram por acentuar o seu declínio.
O declínio das grandes potências imperialistas que marcaram a história do planeta no último século e meio é hoje uma evidência. A decadência dos EUA, Inglaterra e potências da UE é visível na realidade económica, com a imparável diminuição relativa dos seus PIBs. É visível na crescente destruição da sua economia produtiva e na pilhagem de toda a riqueza por um capital financeiro cada vez mais centralizado e concentrado, e mais especulativo, parasitário e rentista. É visível na realidade social, com largas massas trabalhadoras nos centros imperialistas a enfrentar uma pobreza crescente e cada vez maior dificuldade em encontrar emprego, habitação, saúde, educação ou mesmo o pão, enquanto uma cada vez mais pequena minoria acumula riquezas fabulosas. É visível no autoritarismo crescente, na censura e repressão que alastram sob múltiplos pretextos. É visível também na degradação política e no penoso espectáculo dos seus dirigentes, que esconde a continuidade de fundo de políticas, cada vez menos decididas nos centros oficiais de poder (parlamentos e governos).
Seria um erro subestimar, neste momento de profunda crise, a agressividade e capacidade destrutiva das grandes potências imperialistas, patente ao longo da História. Os planos de longa data para conter pela força a ascensão económica da China, Rússia e outros países(1) conduziram à guerra da Ucrânia e ameaçam ser reproduzidos na Ilha Formosa (Taiwan). Os sectores mais reaccionários do grande capital financeiro apostam numa ulterior escalada de guerra e agressão que, na era nuclear, ameaçaria a Humanidade com a catástrofe. A luta pela paz e contra o imperialismo é hoje de importância crucial. É urgente elevar para um novo patamar a intervenção dos trabalhadores e dos povos.
A decadência dos velhos centros imperialistas
Durante a maior parte do Século XX os EUA foram a super-potência imperialista no plano militar, financeiro, mediático por serem a maior economia mundial, que não apenas escapou incólume às destruições das duas Guerras Mundiais como delas beneficiou, quer directamente, quer através da destruição dos seus maiores concorrentes. Mas o declínio relativo dos EUA era já uma realidade no final do Século XX e acentuou-se desde então, apesar de beneficiar da destruição da União Soviética e da pilhagem dos ex-países socialistas.
O Produto Interno Bruto (PIB) tem muitas limitações como forma de avaliar a força económica de cada país. Uma delas é o facto do chamado PIB nominal ser calculado com base nas taxas de câmbio oficiais, favorecendo os países cujas moedas são divisas internacionais e subestimando drasticamente a real força económica dos restantes países. A partir de finais dos anos 60, a ONU desenvolveu mecanismos de correcção para equiparar o preço de bens iguais produzidos em diferentes países, independentemente das taxas de câmbio. O PIB assim medido ficou conhecido como PIB em Paridade de Poder de Compra (PPC ou PPP nas iniciais em inglês). Segundo valores do FMI, em Abril de 2023 o PIB nominal da China era apenas 72% do PIB dos EUA, enquanto que em PIB PPC as posições invertem-se e o PIB da China é 123% face aos EUA. Da mesma forma, em PIB nominal, a Índia é apenas a quinta economia mundial, com cerca de 14% da economia dos EUA, enquanto que em PIB PPC a economia indiana é a terceira maior, representando metade da dos EUA e o dobro da economia japonesa. Em 1985, antes da perestroika, em PIB nominal a economia dos EUA era a maior do mundo, representando 136,5% da economia da URSS (a segunda maior), enquanto que em PIB PPC as posições invertiam-se, sendo a economia da URSS, já em fase de estagnação, a maior do mundo com 157,5% do PIB dos EUA(2). O controlo ideológico faz-se também através das estatísticas.
Em Abril 2023, aos cinco países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) corresponde já uma maior percentagem do PIB PPC mundial (32,1%) do que aos sete países do G7 (29,9%). Das sete maiores economias do mundo, apenas três são do G7 (EUA, Japão e Alemanha, respectivamente na 2.ª, 4.ª e 5.ª posições), outras três são dos BRICS (China, Índia e Rússia, nas 1.ª, 3.ª e 6.ª posições), enquanto que em 7.ª posição está a Indonésia, que não pertence a qualquer dos grupos mas é hoje um dos países mais activos no abandono do uso do dólar nas trocas bilaterais.
Em termos de produção real, o crescimento das novas potências é ainda mais importante. Segundo dados do Banco Mundial relativos a 2021 (data.worldbank.org), o Valor Acrescentado da Indústria (Industry Value Added) da China (6,24 biliões de dólares) é quase igual à soma dos valores dos EUA (3,69 biliões) e da UE (3,36 biliões). Nalgumas áreas o desequilíbrio é notável: a China é hoje responsável por mais de metade da produção mundial de aço, com uma produção 12 vezes superior à dos EUA, quase nove vezes maior que a Índia (segundo maior país produtor) e quase sete vezes maior que a de toda a UE. Estas realidades ajudam a explicar o deficit da balança comercial dos EUA, que em 2022 atingiu quase um bilião de dólares (948 mil milhões, bea.gov, 7.2.23). A China é hoje a fábrica do mundo, como qualquer visita às lojas confirma. O crescimento económico da China faz-se sentir também em áreas tecnológicas de ponta: programa espacial, supercomputadores, computação quântica, comboios de alta velocidade, portos integralmente automatizados, entre outras. A ofensiva de sanções impostas pelos EUA procurando cercear o crescimento económico da China (nomeadamente na produção de chips), já levou a China a anunciar um ainda maior investimento nesses sectores de ponta.
Esta tendência deverá reforçar-se, com a desindustrialização em curso na Alemanha e na UE (Bloomberg, 26.5.23). Em parte, reflexo das sanções impostas pela UE à Rússia e da sabotagem dos gasodutos Nord Stream (quem foi? quem foi?) que tornaram a energia necessária à indústria alemã muitas vezes mais cara do que a dos seus ‘aliados’, nomeadamente os EUA. Mas em parte também devido às opções de ‘transição verde’ que conduziram às medidas proteccionistas nos EUA (a lei IRA) e ao encerramento, em plena crise energética, das últimas centrais nucleares da Alemanha. A vassalagem da UE às políticas do imperialismo EUA, que são contrárias aos interesses dos seus países, é outra expressão da decadência das potências imperialistas e também um ulterior factor do seu agravamento. A forma como os cães de fila do imperialismo norte-americano (a ‘nova Europa’ de Rumsfeld) ditam, no seio da UE, a destruição económica da Alemanha, terá inevitáveis consequências futuras para a União Europeia.
Esta destruição de capacidade produtiva resulta em boa parte de opções económicas das últimas décadas. A tão propalada globalização acompanhou a desindustrialização de alguns importantes centros imperialistas (com destaque para os EUA e Inglaterra, outrora grandes centros industriais mundiais), que passaram a concentrar-se cada vez mais em actividades financeiras especulativas e desligadas da realidade produtiva. Este facto, e as suas consequências, foram assinalados por Trump e recentemente reconhecidos pelo Conselheiro de Segurança Nacional de Biden, Jake Sullivan, embora não só não tenha reconhecido o peso do factor militar na decadência dos EUA, como tenha até ligado os planos de reindustrialização à ‘Segurança Nacional’.
Mas os planos de reconversão da economia dos EUA esbarram não apenas com interesses financeiros e políticos instalados, como também com os cada vez mais insustentáveis níveis de endividamento, quer público, quer global. Segundo dados da Reserva Federal (fred.stlouisfed.org), a dívida pública dos EUA, que atingiu pela primeira vez um bilião de dólares em 1981, cerca de 31% do PIB de então, é hoje de mais de 31 biliões de dólares, cerca de 120% do PIB (percentagem comparável à de Portugal). As estimativas oficiais do Gabinete Orçamental do Congresso (CBO) dos EUA estimam que esta dívida pública suba para 52 biliões nos próximos 10 anos. Este aumento exponencial da dívida pública dos EUA é reflexo da destruição da sua base produtiva, das políticas fiscais que isentam o grande capital e as grandes fortunas do pagamento de impostos, mas também do aumento brutal das despesas militares e das aventuras bélicas do imperialismo norte-americano. O quadro agrava-se considerando a totalidade da dívida (pública e privada) dos EUA, que corresponde a 765% do seu PIB (Portugal fica-se pelos 561%). Vários outros países têm níveis totais de endividamento superiores a 1000% do seu PIB (Reino Unido, Japão, Países Baixos, Irlanda), ou entre 900% e 1000% (França, Canadá). Para a UE no seu conjunto a dívida total representa mais de 800% do PIB (ceicdata.com). A riqueza ostentada por estes países é em boa medida uma ficção.
A capacidade dos EUA ‘viver acima dos seus meios’ tem estado directamente ligada ao papel do dólar enquanto moeda de reserva internacional. Ao longo de décadas foram ‘impressos’ dólares sem qualquer entrave. Para a maioria do planeta, a ditadura do dólar tem sido um colete de forças que manieta as soberanias. O movimento no sentido da desdolarização corresponde a interesses objectivos da maioria dos países. Mas anteriores tentativas de avançar nesse sentido, como os planos da União Africana, inspirados pelo dirigente líbio Muamar Kadafi, para criar uma moeda africana suportada pelo ouro, ou a decisão de Saddam Hussein de deixar de vender petróleo em dólares, foram violentamente hostilizadas pelos EUA e são factores por detrás das guerras contra a Líbia e o Iraque (Robert Fisk, The Independent, 6.10.09).
A tendência em curso para a desdolarização, que vem de trás, acelerou-se com a nova correlação de forças mundial e com a bravata da confiscação pelos governos imperialistas dos bens da Rússia, Venezuela, Afeganistão, Irão e outros países. Nem países, nem multimilionários, confiam hoje que a sua riqueza e os seus bens estejam seguros nos EUA, UE e outros países vassalos. Esta pirataria imperialista incentiva a fuga de capitais e contribui para o aumento das taxas de juro. É também um factor na recente reorientação da Arábia Saudita, reconciliada com o seu velho rival, o Irão. Uma reorientação que, a prosseguir, tem uma importância e impacto impossíveis de subestimar e que levou a revista Newsweek (5.3.23) a escrever: «O fim de Século Americano começa no Médio Oriente».
A decadência dos EUA é também visível na sua dramática realidade social. Foi evidente na brutalidade social da pandemia Covid. Segundo estatísticas oficiais (census.gov), em 2021 havia 37,9 milhões de pobres (11,6% da população) no país que gosta de se proclamar o mais rico do mundo. Uma em cada sete famílias vive na insegurança alimentar e 1,5 milhões de crianças ficam sem casa nalgum momento (povertyusa.org). Quase 600 mil norte-americanos vivem na rua ou em abrigos (endhomelessness.org), muitos deles ex-combatentes descartados pelo governo quando já não servem para combater. O número de mortes por overdoses foi, em 2022, de 109 680 pessoas, «o equivalente a um morto em cada cinco minutos» e «mais de um milhão de pessoas já perderam as suas vidas para os opióides legais ou o fentanil» (Financial Times, 31.5.23). As overdoses de fentanil são a principal causa de morte de adultos entre 18 e 45 anos (foxnews.com, 16.12.21). O número de mortos a tiro foi, em 2021, de 48 830, dos quais 2590 menores de idade (pewresearch.org, 6.4.23). Em 2020 as armas de fogo foram a principal causa de morte de menores nos EUA, sendo as overdoses a terceira (BBC, 22.4.22). A esperança de vida dos norte-americanos continua a diminuir, mesmo passada a pandemia, sendo a mais baixa dos últimos 20 anos (npr.org, 22.12.22). As infraestruturas dos EUA estão em estado de degradação perigoso. A dívida a que os estudantes foram obrigados, na tentativa de pagar estudos cada vez mais incomportáveis, ascende hoje a 1,5 biliões de dólares, a segunda maior causa de endividamento nacional após a compra de habitação (nbcnews.com, 24.8.22). Em todos estes indicadores se constata que as prioridades da oligarquia reinante nos EUA são tudo menos os interesses do seu próprio povo. Onde nunca falta dinheiro é nos pacotes de ’salvamento’ dos gigantes da finança e nas guerras e militarização, como o financiamento sem limites à escalada de guerra na Ucrânia.
Os perigos
A classe dirigente dos EUA ensaiou, ao longo das últimas décadas, respostas para afirmar a sua posição hegemónica, alternando momentos de resposta solitária (invasão do Iraque, Presidência Trump) e momentos de recrutamento dos seus vassalos para acções conjuntas (guerras da Jugoslávia, Líbia, Síria e Ucrânia, entre outras). Estas oscilações reflectem rivalidades e contradições internas que nunca deixam de existir, mesmo quando não se manifestam publicamente. Mas reflectem também os fracassos que a ofensiva encontrou pelo caminho, graças em boa medida à resistência com que se deparou. Fracassos no plano militar (Iraque, Afeganistão, Síria, de Israel na Palestina), mas também fracassos financeiros (crise de 2008, endividamento) e políticos. A política de guerra permanente alienou grande parte do povo dos EUA e Reino Unido, tornando difícil novas intervenções militares directas. A falta de escrúpulos, as mentiras sem fim, a arrogância sem limites, foram despertando nos povos outrora colonizados a memória histórica do que significou a supremacia ‘ocidental’. Foram também desfazendo os mitos sobre as ‘democracias ocidentais’ junto dos povos de alguns países ex-socialistas. Robert F. Kennedy Jr, filho e sobrinho dos dois Kennedys assassinados e actual candidato presidencial nas primárias do Partido Democrático, afirma: «na última década o nosso país gastou biliões a bombardear estradas, portos, pontes e aeroportos. A China gastou o mesmo a construir essas coisas no mundo em desenvolvimento. A guerra na Ucrânia é o colapso final do curto ‘Século Americano’ dos neo-conservadores».
A tentativa de impor uma hegemonia planetária dos EUA exige a submissão do resto do planeta. Se nalguns países (como na União Europeia) as classes dirigentes aceitaram a sua condição de vassalos, em muitos outros a ofensiva encontrou resistência. A intenção de, após a destruição da URSS, avançar para a destruição da própria Federação Russa – país de enormes riquezas e palco da primeira revolução socialista vitoriosa da História – esteve sempre presente: na pilhagem brutal a que a Rússia foi sujeita nos tempos de Iéltsine(3); no apoio aos fundamentalistas tchetchenos e outros grupos terroristas que ameaçaram a sobrevivência da Rússia no final dos anos 90; nos sucessivos alargamentos da NATO para junto das fronteiras russas; nas inúmeras subversões dos países limítrofes (pagas a peso de ouro pelos EUA e outras potências imperialistas, desde logo na Ucrânia); no sistemático desrespeito de todo e qualquer acordo, como os Acordos de Minsk de 2014-15, que previam a manutenção do Donbass na Ucrânia, sujeito ao respeito pelos direitos da sua população russófona, mas que – como foi já publicamente confessado por Merkel, Hollande e o então presidente ucraniano Porochenko – foi por estes assinado em má fé, apenas para dar tempo à militarização da Ucrânia. A clique dirigente fascizante da Ucrânia sacrificou o seu povo e o seu país aos interesses do imperialismo, que tem pelo povo ucraniano o mesmo desprezo que tem por qualquer outro povo. Desempenha na Europa o papel que o ISIS desempenhou no Médio Oriente.
Independentemente de outras considerações sobre a resposta russa em 24 de Fevereiro de 2022, é inegável que a Federação Russa foi empurrada para uma situação de confronto aberto, da mesma forma que os EUA e seus lacaios procuram hoje empurrar a China para uma confrontação em torno de Taiwan, que é activamente atiçada pelo «Partido da Guerra» no seio do imperialismo. É igualmente inegável que a estratégia imperialista não está a correr como esperavam. Em Março de 2022, o Ministro da Economia e Finanças da França proclamava uma «guerra económica e financeira total» contra a Rússia para «colapsar a sua economia» (Reuters, 1.3.22). A revista Economist (27.8.22) afirmava: «um outro combate está a ser travado – um conflito económico duma ferocidade e extensão não vistas desde os anos 1940, com os países ocidentais a tentarem pôr de joelhos a economia de 1,8 biliões de dólares da Rússia através dum novo arsenal de sanções». Um ano volvido, é uma evidência que a economia russa não soçobrou. E o New York Times (23.2.23) confessa em título que «O Ocidente tentou isolar a Rússia. Não funcionou», acrescentando ainda que «muitos dirigentes mundiais não gostam particularmente da ideia de ver um país invadir outro. Mas muitos também não se importam de ver alguém fazer frente aos Estados Unidos». O principal comentador económico do Financial Times, Martin Wolf, escreve: «O G7 tem de aceitar que não pode gerir o mundo. A hegemonia americana e a dominação económica do Grupo são coisas do passado» (23.5.23).
O grande perigo é que, confrontado com mais um fracasso nos seus planos de imposição duma ditadura mundial, e para mais um fracasso numa operação onde apostou tudo, os sectores mais fascizantes do imperialismo conduzam a Humanidade a uma confrontação catastrófica. Seja por opção, seja pela escalada incontrolada resultante da sua recusa em aceitar a realidade dum novo mundo multipolar em marcha. Escalada a que assistimos desde há meses nos sempre novos tipos de armas enviados para a Ucrânia e no crescendo de provocações dos regimes de Kiev e Londres, visando provocar o conflito aberto NATO-Rússia, como nos inqualificáveis ataques militares ucranianos à central nuclear de Zaporojia. Escalada que está cada vez mais presente também nas provocações contra a China, ameaçando desencadear uma nova guerra no Extremo Oriente.
O papel dos povos
Neste complexo e perigoso quadro, um factor está ainda muito aquém da importância que a gravidade do momento exige: o da intervenção consciente e organizada dos trabalhadores e dos povos. Este factor foi crucial para pôr fim à I Guerra Mundial, com a Revolução bolchevique na Rússia, que inspirou também a Revolução Alemã de 1918 que impôs o armistício. Foi crucial para a derrota do nazi-fascismo, com o papel da resistência armada, encabeçada pelos comunistas, desde logo na URSS, mas também em França, Itália, Balcãs, China e numerosos outros países. Foi crucial para travar a corrida para o abismo nos momentos mais críticos da chamada ‘Guerra Fria’, como na fase do monopólio atómico dos EUA após 1945, na crise dos mísseis em Cuba de 1962, ou no impressionante movimento de solidariedade mundial com o Vietname. Será crucial para ultrapassar a crise em que vivemos, no sentido de travar a guerra e impor as soluções de progresso social que tardam.
O inimigo principal são hoje as velhas potências imperialistas que procuram pela guerra impedir que o seu declínio económico conduza à perda da sua hegemonia planetária. É necessária uma vasta frente anti-imperialista e pela paz, que congregue todas as classes, forças e países interessados em travar a catástrofe que o ‘Partido da Guerra’ no seio do imperialismo prepara. Uma frente onde os trabalhadores e povos – principais vítimas da guerra e principais interessados na paz – terão de jogar um papel determinante, para assegurar que a derrota do imperialismo abra de vez caminho a um mundo de progresso social, com o socialismo como horizonte.
_____________________________________________________________________________
Notas
(1) Recorde-se a entrevista do General Loureiro dos Santos ao Diário de Notícias, 13.3.2000.
(2) Ver List of countries by largest historical GDP, com base em dados do Banco Mundial, FMI e ONU. Cinco anos e uma perestroika depois, o PIB PPC da URSS tinha caído para menos de 40% do valor de 1985, e a URSS tinha caído para segunda posição, seguida de perto pelo Japão.
(3) Sobre a ingerência dos EUA nas eleições presidenciais russas de 1996, para assegurar a ‘vitória eleitoral’ do seu fantoche Iéltsine, vejam-se as confissões da revista Time de 15.7.96. Mesmo assim, o mais provável é que a ‘vitória’ de Iéltsine tenha sido produto duma chapelada.
_____________________________________________________________________________
Fonte: https://omilitante.pcp.pt/pt/385/Internacional/1997/O-imperialismo-amea%C3%A7a-a-Humanidade.htm?tpl=142
_____________________________________________________________________________
[Artigo tirado do sitio web portugués ODiario.info, do 7 de agosto de 2023]