Irã, China e Rússia: O grande triângulo estratégico

Federico Pieraccini - 17 Mar 2017

O dilema que a elite ocidental tem uma dificuldade enorme de assimilar é o fato de que seu papel será diminuído na futura ordem mundial: os Estados Unidos e a Europa não mais serão protagonistas, e sim atores em pé de igualdade no elenco internacional

Distante do atual caos nos Estados Unidos, grandes acontecimentos estão acontecendo a pleno vapor, com Irã, Rússia e China coordenados em uma série de movimentos significativos para o futuro do continente eurasiano. Com uma população total de mais de cinco bilhões de almas, que constituem cerca de dois terços da população do planeta, o futuro da humanidade passa obrigatoriamente através dessa área imensa. Apontando para uma mudança de grande magnitude na ordem mundial que se baseia atualmente na Europa e nos Estados Unidos, em direção a mundo multipolar monitorado pela China, Irã e Rússia, os estados eurasianos estão se preparando para um papel de liderança no desenvolvimento desse enorme continente. Como parte dos desafios que deverão enfrentar os líderes desses países multipolares, os eventos prejudiciais que se originam na ordem mundial Euro/Atlântica construída depois da Segunda Grande Guerra mundial terão que ser encarados.

 Analisando os principais projetos do continente eurasiano, uma coisa que se destaca é o papel da China, Rússia e Irã nas diferentes áreas sob sua influência. O projeto One Belt, One Road (um cinturão, uma estrada, também conhecido como OBOR – ntrad) que foi proposto por Pequim (com investimento de cerca de um trilhão de dólares dentro dos próximos dez anos); a União Econômica Eurasiana (Eurasian Economic Union) proposta por Moscou para integrar as antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central e o papel do Irã no Oriente Médio como esforço para trazer de volta a estabilidade de prosperidade para a região – são todos de importância crucial para o desenvolvimento eurasiano. Claro que possuindo uma perspectiva multipolar, todos estes projetos convergem totalmente, e requerem desenvolvimento conjunto e coordenado para que resultem realmente no sucesso do continente eurasiano.

 Neste sentido, as principais áreas de grande agitação incluem aquelas sob a esfera de influência destes principais países eurasianos. As principais concentrações de turbulência podem ser facilmente identificadas no Oriente Médio e no Norte da África, isso para não fazer menção ao Golfo Pérsico, onde a guerra criminosa da Arábia Saudita contra o Iêmen continua sem tréguas há 24 meses.

Uma fonte de cooperação: o terrorismo islâmico

 A fonte comum de instabilidade no continente eurasiano resulta do terrorismo islâmico, utilizado pelas grandes potências ocidentais como um instrumento de divisão e conflito. Assim, o papel de sauditas e turcos, alimentando e espalhando o Wahhabismo, bem como a Irmandade Muçulmana significa que eles estão diretamente contra a estabilidade pretendida pela esfera Russa, Chinesa e Iraniana. Previsivelmente, o papel de Teerã na região se tornou decisivo, com o apoio total, financeiramente da China e militarmente da Rússia. Hoje, o Irã é o país no qual a influência sino/russa se manifesta em todos os níveis, na região e além dela. A deterioração da situação militar na Síria, no entanto, obrigou Moscou a intervir militarmente para ajudar à Síria, aliado regional mais importante do Irã na região, mas ao mesmo tempo providenciou uma desculpa perfeita para conter a influência da Arábia Saudita e da Turquia na região. O Crescente Xiita em ascensão, que liga Irã, Iraque, Síria e Líbano, é de importância vital para quem quer estabelecer ou manter a influência de um mundo multipolar na região. Até agora, Washington tem sido capaz de impor seus assuntos através de ações levadas a termo por Arábia Saudita e Turquia, seus submissos ativos regionais, cujos interesses se alinham sempre com os mesmos de elementos sionistas, neoconservadores e Wahhabis que existem no estado profundo dos Estados Unidos. Washington claramente quer manter e preservar a ordem mundial de um mundo unipolar através de seus aliados regionais, com o objetivo de se manter o principal árbitro nas questões do Oriente Médio, uma área que reflete a instabilidade desde o Golfo Pérsico até o Norte da África.

 Não é de se admirar, portanto, que Moscou tente manter relações especiais com o governo egípcio que sucedeu a Irmandade Muçulmana de Morsi, com a intenção de conter a influência saudita/(norte)americana no Cairo e no Norte da África, especialmente na sequência da destruição da Líbia de Kadafi. Os sinais emitidos por Al Sisi são encorajadores e representam um exemplo claro de um mundo multipolar em construção. O Egito aceitou financiamento saudita durante a época de elevada tensão entre Doha eRIAD, o que representava um movimento de fraqueza óbvia do Cairo, especialmente depois do golpe que removeu Morsi, o qual era apoiado pelo Catar, Turquia e Estados Unidos. Hoje, o Egito está feliz em cooperar com Moscou, especialmente no que diz respeito a armamentos (a compra de dois navios Mistral da França representa futuras compras de armamento de Moscou; da mesma forma, é o caso de desenvolvimento de fontes de energia nuclear, que seria alternativa para a importação massiva de petróleo da Arábia Saudita, a qual foi suspensa por Riad, logo depois do início do diálogo entre Cairo e Damasco). O Egito trabalha para estabelecer uma posição estratégica na região, cada vez mais influenciada pelo triângulo russo/sino/iraniano (conversações sobre a inclusão do Egito na EAEU [União Econômica Euroasiática] Estão em andamento já há algum tempo), embora não descarte completamente a contribuição econômica da Arábia Saudita e dos Estados Unidos. Por outro lado, a influência de Turquia e Irã é rejeitada e declarada hostil, principalmente por causa do contínuo relacionamento com a Irmandade Muçulmana, uma das maiores preocupações do país no Sinai.

 A estabilidade no Oriente Médio e no Norte da África depende de uma expansão do papel mediador do Irã; de importantes contribuições financeiras da República Popular da China (pense um pouco na situação da Líbia e na reconstrução da Síria); e de uma cooperação militar da Federação Russa. A importância de focar nestas áreas jamais será superestimada, já que representam os primeiros passos na direção de uma reestruturação mais fundamental da nova ordem mundial em partes diferentes da massa continental eurasiana.

Síria, um caso de estudo

 Ao prestarmos atenção nos perigos que representam um Islã politizado e o extremismo wahhabista, sempre vêm à mente três áreas do continente eurasiano para considerações: as antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central; a fronteira sempre problemática entre Afeganistão e Paquistão e a área do Cáucaso. Netas áreas, a cooperação entre China, Rússia e Irã está mais uma vez desempenhando um papel chave, e estamos presenciando muitas tentativas de mediação de tensões e conflitos que podem ser potencialmente catastróficos para o desenrolar de projetos econômicos e de desenvolvimento. Os ataques terroristas que aconteceram recentemente na cidade de Lahore, capital da província do Punjab no Paquistão, mostram a verdadeira face da cooperação entre Afeganistão e Paquistão, decididamente encorajada pela China e pela Rússia. Logo após uma breve troca de tiros entre militares dos dois países na fronteira comum, um acordo foi arranjado entre Kabul e Islamabad para reduzir as tensões e fazer progredir conversações de paz fortemente apoiadas por Moscou e Pequim. A necessidade de interromper a escalada de tensões entre Paquistão e Afeganistão é um dos principais objetivos de Rússia e China, naquela que é uma das regiões mais instáveis do mundo e pela qual deverão transitar os futuros projetos liderados pela aliança Irã/Rússia/China. A instabilidade dessa área em particular depende em grande parte do papel que Índia, Arábia Saudita, Estados Unidos e Turquia pretendem desempenhar para colocar um contrapeso ao papel do trio eurasiano. Assim, não é por coincidência que Moscou está tentando várias formas de entendimento complexo com cada um desses atores. A Arábia Saudita e a Turquia são os centros de controle e administração do terrorismo internacional, e a influência negativa de Riad e Ancara é sentida desde a Líbia e a Síria, até o Paquistão, Afeganistão e o Cáucaso. Aqui, o fator determinante não é exercido pelos Estados Unidos, embora Washington não tenha nenhum pejo em encorajar quaisquer esforços destrutivos diretos contra a integração do continente eurasiano.

 No papel representado por Rússia e Turquia, o primeiro ponto positivo de entendimento parece ser a Síria, e pode, caso seja encontrado um resultado positivo para o conflito, representar a pedra fundamental sobre a qual se poderá construir uma cooperação estratégica em áreas como AfPak e Ásia Central. Neste sentido, os incentivos do corredor energético representado pelos oleogasodutos, nos quais o principal empreendedor é a Rússia, não pode ser subestimado, como é o caso, por exemplo, do Turkish Stream. Também no Cáucaso, que é outra área de instabilidade acentuada, o papel desempenhado pela Rússia e Irã foi decisivo durante os quatro dias da Guerra em Nagorno-Karabakh.

 Em relação ao campo energético, é certamente um grande fator de interesse para a Arábia Saudita, que está há tempos observando a diversificação do setor energético com atenção, em especial a energia nuclear civil, campo no qual a Rússia tem posição de liderança mundial. Moscou diversifica seu jogo, valorizando suas cartas ao prover cooperação econômica e militar com seus parceiros mais próximos (Irã, China, Síria, Cazaquistão, Tadjiquistão e Quirguistão); fortalecendo as alianças bilaterais através de incentivo na forma de cooperação em sistemas de armamentos (Índia, Paquistão e Egito); e cooperação no setor de energia com países tão distantes como Catar, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, na intenção de abrir brechas que lhe permitam alcançar acordos geopolíticos mais amplos.

 Toda a estratégia das três principais nações eurasianas dirige-se primariamente para a consolidação de suas fronteiras nacionais com os países das regiões mais turbulentas. A recente viagem de Putin ao Cazaquistão, Tajiquistão e Quirguistão tinha o objetivo de fortalecer a parte mais vulnerável da Federação Russa, ao eliminar a ameaça e influência do terrorismo islâmico radical, permitindo a expansão da cooperação econômica na União Eurasiana. Embora não seja uma tarefa fácil, há o encorajamento da perspectiva de ganhos de parte a parte para as nações envolvidas, com acordos bilaterais mutuamente vantajosos, em vez de imposições. De certa forma, é o que a República Popular da China também está tentando fazer na Ásia Central, uma das regiões mais voláteis do planeta, esforçando-se para estabelecer acordos e expandir o conjunto de seus recursos energéticos, como ocorreu recentemente no Turcomenistão. Outro exemplo da redução de ameaças no continente eurasiano pode ser visto na província chinesa de Xinjiang, onde a China colocou seus esforços um uma área onde existe a necessidade urgente de minimizar as tensões políticas e sociais, caso se queira evitar o sucesso de esforços estrangeiros para desestabilizar a China, a partir principalmente da Turquia, através de seu aliado Turcomenistão.

 Neste contexto, o papel mais difícil de entender é o desempenhado pela Índia, encaixotada dentro de sentimentos contrários a Paquistão e China, bem como uma antiga sujeição aos Estados Unidos e uma boa amizade histórica com a Federação Russa. As ações de Nova Deli nesta parte do mundo são as mais difíceis de decifrar, vendo-se os inescrutáveis esforços da Índia para avançar na direção de seus objetivos estratégicos. A importância estratégica de Moscou e Teerã é essencial para equilibrar a posição da Índia. Historicamente, a Índia é um parceiro importante da URSS, e em anos mais recentes o exército hindu continua a desenvolver projetos militares importantes com a Federação Russa. Mais recentemente, a República Islâmico da Irã contribuiu muito para a diversificação dos suprimentos de energia da Índia. O fato de que Teerã é um parceiro privilegiado do Pequim mostra como se parece um mundo multipolar, e também ajuda a equilibrar o sentimento de antipatia contra a China, profundamente enraizado no establishment hindu. Neste caso, Rússia e Irã estão claramente desempenhando papel de mediadores entre China e Índia. O fato de que tanto a Índia quanto a China são compradores importantes de gás do Irã, bem como o fato de que tanto China quanto Índia estão cooperando com a Rússia em termos militares, ajuda a compreender como Moscou e Teerã estão pouco a pouco eliminando Washington e amenizando o sentimento contra a China na Índia.

 As tensões dos fás de Washington na Índia estão sendo cada vez mais afastadas, não apenas porque trazem dificuldades para a necessidade do país de criar um ambiente confiável de desenvolvimento sem excluir qualquer oportunidade de parceria. O maior e mais difícil desafio é o processo de paz entre Afeganistão e Paquistão, o qual vai contra os interesses geopolíticos da Índia na região, nesta questão alinhados com a posição (norte)americana. Para amenizar a situação, é necessária grande cooperação conjunta. A Organização de Cooperação de Xangai (OCX) tentará construir um quadro dentro do qual se discuta e se encontre acordos possíveis entre todos os participantes envolvidos. Mais uma vez, uma conversação regional entre poderes eurasianos não incluirá a velha ordem mundial composta por Europa e Estados Unidos.

 Não se pode declarar que o esforço exercido por China e Rússia na Ásia Central são exagerados por causa da importância dos recursos energéticos potencialmente disponíveis. Isso para não mencionar a futura possível cooperação entre duas áreas econômicas gigantescas, como a União Europeia e Ásia, que deverá fluir através da Ásia Central, transformando a União Eurasiana em uma ponte dourada ligando a Europa e a Ásia. Até agora, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO – Collective Security Treaty Organization) se portou apenas como uma organização nos moldes da OCX, que tem a tendência de priorizar a luta contra o terrorismo; mas cada vez mais estás sendo vista como um lugar disponível para conversações, uma organização que pode oferecer um caminho para a cooperação econômica e que oferece prioritariamente as bases para a estabilização territorial da região. Nesta área do planeta, a prosperidade econômica depende profundamente da estabilidade militar e política.

 Resumindo, trata-se do principal desafio que a Rússia, China e Irã estão encarando, nomeadamente, arrefecer as zonas quentes (Oriente Médio, Golfo Pérsico e Norte da África) através da erradicação do problema do terrorismo, e evitar nova escalada de tensões em regiões vizinhas que se situam dentro de sua esfera de influência (o Cáucaso, Afeganistão/Paquistão e Ásia Central). Assim, estarão evitando uma desestabilização destrutiva.

 Somente quando um quadro internacional estiver implementado firmemente nestas áreas, estabilizando-a totalmente, será possível uma grande e abrangente cooperação econômica que terá significação histórica. Neste sentido, a admissão da Índia e do Paquistão na OCX foi o primeiro passo de um acordo complicado arranjado pela China e Rússia e que cobriu uma dúzia de nações. A mesma situação será observada com a futura entrada do Irã na OCX, com o objetivo específico de aumentar a influência da OCX em áreas instáveis como o Golfo Pérsico me o Oriente Médio. Da mesma forma as discussões relativas à entrada do Egito na OCX como membro efetivo é destinada a expandir a influência positiva da OCX em lugares tão longínquos quanto o Norte da África.

 As fundações desenvolvimentistas que Rússia, China e Irã estão arquitetando destinam-se a tornar irrelevantes os Estados Unidos em seus esforços para esticar seu momento unipolar. Ao combinar o desenvolvimento econômico e demográfico dessas áreas com a população do continente eurasiano, é fácil entender como, no espaço de duas décadas, se tanto, a área que vai de Portugal à China e que inclui dúzias de nações em todas as latitudes e longitudes e que se estende desde as regiões Árticas da Federação Russa até as praias da Índia no Golfo Pérsico, deverá ser o pivô central a girar a economia mundial. A combinação dos corredores de mar e terra fará do continente eurasiano o coração do mundo, não apenas em termos de produção mas também em negócios e consumo, devido ao crescimento da riqueza da classe média dessas áreas do planeta.

 Numa visão estratégica que historicamente incorporou décadas de planejamento, Teerã, Moscou e Pequim conseguiram compreender totalmente que a estabilidade é o objetivo principal a ser conquistado para promover desenvolvimento econômico efetivo que beneficie todas s nações envolvidas. Na Ásia, a ASEAN (Association of Southeast Asian Nations – Associação das Nações do Sudeste Asiático – ntrad) começou a agir de forma menos beligerante com a China. Embora Pequim continue a assegurar seus interesses estratégicos com a construção e militarização de ilhas artificiais no Mar do Sul da China. O presidente Duterte, das Filipinas, parece ter compreendido os ganhos potenciais de uma cooperação multipolar, e a recente guinada estratégica efetuada por seu país está mostrando o caminho para todas as nações asiáticas, especialmente na sequência do fracasso do projeto de livre comércio denominado TPP (Trans-Pacific Partnership), abandonado por Washington, que o projetara. Pertence ao futuro o papel que deverá ser representado pelo velho continente europeu, desde que continua amarrado à estratégia (norte)americana, focada em isolar a Rússia, China e Irã e comprometido em promover a hegemonia de Washington a qualquer custo, mesmo que isso envolve uma espécie de suicídio econômico, como pode ser visto nas sanções contra a Federação Russa motivadas pelos acontecimentos na Ucrânia.

 Embora não se possa predizer, não se pode da mesma forma excluir uma mudança de direção pela Europa, como resultado direto das políticas fracassadas de se ajoelhar perante os interesses dos Estados Unidos em detrimento dos interesses dos cidadãos europeus. Não é por acaso que muitos partidos europeus, considerados populistas ou nacionalistas, têm mesmo a intenção de se voltar para o oriente, na busca de uma cooperação que por longo tempo vem sendo evitada pela estupidez das elites ocidentais.

 China, Rússia e Irã parecem ter mesmo a intenção de acelerar o projeto de uma cooperação global e não mostram disposição para fechar a porta a qualquer ator de fora da Eurásia, especialmente em um mundo cada vez mais globalizado e interconectado. Dê uma olhada nas ligações da República Popular da China com projetos de desenvolvimento em países da América Latina para entender como a dimensão ciclópica dessa vontade de incluir todas as nações sem exceção. É sobre essa fundação que a nova ordem mundial multipolar está assentada, e cedo ou tarde as elites europeias e (norte)americanas terão que entender. O dilema que a elite ocidental tem uma dificuldade enorme de assimilar é o fato de que seu papel será diminuído na futura ordem mundial: os Estados Unidos e a Europa não mais serão protagonistas, e sim atores em pé de igualdade no elenco internacional. A ordem multipolar está a todo o vapor, deixando sem tempo e em crise o mundo unipolar. Como reagirão europeus e (norte)americanos? Aceitarão o papel de fazer parte do elenco em pé de igualdade ou rejeitarão a mudança histórica inexorável, relegando-se ao papel de um doloroso processo de aniquilação e esquecimento?

 

[Artigo tirado do sitio web brasileiro Vermelho, do 16 de marzo de 2017]